Idéia
Em Salvador da Bahia, em 1924, uma classe corria normalmente. Foi chamado um menino ao quadro, para escrever, de cor, um poema Brasileiro. Depois de escrever todas as palavras necessárias, o professor chamou-lhe à atenção que “ideia” não levava acento. O rapaz foi gozado pela turma, por ter escrito mal, daí passou rapidamente à sua pobreza, pois era o mais humilde aluno da turma.
Um dos poucos alunos, de nome Jorge, que assistiu calado, ficou perplexo com a facilidade com que um pequeno erro servia de desculpa para rebaixar uma pessoa pobre, e este episódio nunca desapareceu da sua mente. Quando no final do ano, o rapaz humilde foi o melhor da turma, foi gozado, agora por estudar muito, por não ter dinheiro para fazer mais nada. Jorge concluiu que não importa o que se faça, não eram as acções da pessoa que estavam em causa, mas sim o seu nível monetário.
Jorge cresceu, tornou-se um escritor conhecido em todo o mundo e um activista crente do ideal comunista. Por pertencer ao partido, e sendo uma autoridade na escrita, corrigia várias vezes, ou escrevia os vários discursos, que alguns líderes comunistas faziam.
Sempre que encontrava a palavra “ideia”, acentuava-a, e contava esta história à pessoa que iria discursar. Assim, a palavra “ideia” acentuada passou a ser um símbolo, dentro do partido, da opressão exercida sobre a classe pobre, e o desdém dos mais ricos por essa classe.
E vejam, nos dias de hoje, como se escreve “ideia” no Brasil.
Um amigo, com o qual troquei algumas cartas, à alguns anos, escrevia sempre “ideia” acentuada. Uma vez, quando nos encontrámos, tentei, o mais discretamente possível dizer-lhe que não estava correcto...
E aprendi esta história sobre a vida de Jorge Amado.
Como sei que lês, estava à espera de um comentário com uma ideia acentuada.
Boa Sorte.
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