Tuesday, January 31, 2006

Simples



Como engenheiro, as qualidades mais procuradas na minha profissão são o pragmatismo e a simplicidade. Com isto na cabeça, desde que comecei o curso até hoje, sempre procurei estas qualidades no meu dia-a-dia. Não sendo especialmente dotado, comecei a apreciar ainda mais nos outros a maneira como de uma necessidade, se arranja um solução sem mais que um passo de raciocínio.

Existem muitas, mas algumas que me saltam à cabeça. Um tipo está a assentar telha num telhado de uma casa em construção. Demora o seu tempo, telha a telha, as pessoas que são precisas, a segurança de trabalhar no alto de um edifício em construção… Tem a ideia de fazer o telhado como acessório à parte, posto em cima do edifício com uma grua. Patenteou a ideia e hoje é um dos principais construtores civis de Leiria. Outra, nos anos 30, penso, um camionista americano está à espera que lhe descarreguem o camião para um barco, onde ficou de trazer a mercadoria. Está a fazer contas durante as horas que demora todo aquele processo, peça a peça, entrar e sair do camião… O dinheiro que podia estar a ganhar durante aquelas horas… E lembra-se seria muito mais fácil chegar e já ter o contentor, no camião, pronto a meter no barco com uma grua. Montou uma empresa de transporte marítimo, equipou os barcos, os camiões, e dominou o comércio marítimo até cerca dos anos 60.

A favorita do Bruno Brás, um empresário de sucesso da nossa praça, é o penso para peles escuras. Os pensos que nós conhecemos, são de uma cor confundível com a cor da pele branca. Isto é óptimo para nós, mal se repara que os temos, agora para quem tem pele escura, a reacção será a tender para a cómica. Houve um tipo que patenteou a ideia de um penso negro, uma empresa de produtos de saúde pagou-lhe uma boa quantia e comercializou-a.

A minha favorita foi a descoberta da distância entre a Terra e a Lua. Eratóstenes, um filosofo grego, após ter determinado o diâmetro da Lua, esticou o seu braço com o polegar levantado numa mão fechada. Foi aproximando o dedo até este estar exactamente nos contornos da Lua Cheia. Fez um rácio entre o diâmetro do seu dedo e o cumprimento do seu braço. Sabendo o diâmetro da lua, o rácio dava-lhe a distância à terra.

Tirando o grego, ninguém era um intelectual da praça, alguém escutado pela sociedade, com muita educação… Eram pessoas com capacidade de identificar uma necessidade clara aos olhos de todos, com a diferença de lutar contra a instituição e imaginar um modo diferente e mais prático de fazer a mesma coisa.

2 comments:

Ju said...

Adorei este post! ;)

Metelo said...

continuamos com o problema da determinação do diâmetro da lua... temos que rever a trigonomtria
:P

abraço do Porto