Saturday, February 04, 2006

As 6o imagens que mais marcaram os Franceses nos últimos 60 anos


Ataque às torres gémeas, as imagens que mais marcaram os franceses nos últimos 60 anos.

Ontem fui presenteado com as 60 imagens mais marcantes, dos últimos 60 anos, escolhidas pelos Franceses em várias categorias. Para um estrangeiro, conhecendo os factos internacionais, a história contemporânea francesa ficava-me um pouco pelo Maio de 68. A mão dada entre os dois responsáveis, alemão e francês, durante a “Marseillaise”, simbolizando a reconciliação Franco-Alemã, a liberalização do aborto, inúmeras pessoas que iniciaram movimentos sociais de caridade que se tornaram instituições com o passar do tempo, figuras controversas francesas, o venerado Charles de Gaulle, toda uma panóplia de acontecimentos mundiais e franceses.

Todas as grandes decisões controversas foram precedidas de grandes movimentações sociais. Entre as quais o aborto. O casamento entre homossexuais nem foi falado, pelo que não é um assunto muito importante para os Franceses. Assuntos como a abolição da pena de morte foram discutidos pela sociedade, havendo manifestações de milhares de pessoas na rua para que algo que pensavam errado, fosse alterado. O poder ao povo da única maneira possível, em conjunto gritar contra uma injustiça. Esta é, sem dúvida, a característica dos Franceses que mais aprecio. A consciência social está presente no dia-a-dia. Por exemplo, há greves dos transportes quase uma vez por mês, e a sociedade aceita, como fazendo parte dos direitos de quem faz parte da mesma. E quando há uma injustiça, as pessoas vêm mesmo para a rua protestar. Esta é uma das maiores diferenças entre as sociedades Portuguesa e Francesa.

A maior demonstração em Portugal ocorreu por Timor. Cerca de 15 000 pessoas marcharam por entre as ruas de Lisboa. Porque era uma questão falada na altura, porque nos tocava a alma Lusa. Apesar do bom tempo do dia em questão, houve uma chamada de atenção da sociedade para um assunto que essas 15 000 pessoas pensavam ser importante. Quando em 74, Portugal lutava para fundar uma Democracia, milhares de mulheres marchavam em Paris, com o objectivo de obter a liberalização do Aborto. E foi este movimento social que proporcionou a votação do Parlamento. O mesmo para a abolição da pena de morte, e depois de ter falado com um colega Francês, assim foi para o casamento homossexual.

Se a sociedade mostrar que se encontra contra uma lei ou situação, poucos são os legisladores que irão contra. A história Francesa está cheio destes exemplos, e a nossa? Lembro-vos que o 25 de Abril foi um golpe militar, ao qual o povo se juntou, não nasce da vontade povo. Um pai de um amigo diz, em jeito provocatório, que o 25 de Abril foi um golpe militar feito por militares que se achavam mal pagos.

No “Claustro do Silêncio” Luís Rosa conta a história do Mosteiro de Alcobaça desde a sua construção até aos dias de hoje. Durante as invasões francesas, o mosteiro foi invadido e roubado, mulheres foram violadas no claustro. Mas o engraçado é a descrição da fuga dos franceses de Alcobaça. O povo que nada tinha feito quando os poucos Franceses entraram pela região adentro, escondeu-se no caminho a seguir pelos mesmos, com forquilhas e paus, e foram matando o último francês da fila, durante vários quilómetros.

Opiniões todos temos, Portugueses e Franceses, a diferença é a energia de activação. Juntar-se quando o movimento parece ter o seu objectivo concretizado é a garantia que maior parte precisa para se lançar numa demonstração pública da sua opinião.

Ou então... simplesmente tudo está de acordo com a nossa opinião. É o que afirmamos com o nosso silêncio.

No comments: