Desiludido
Ao Primeiro-Ministro Dinamarquês foi requisitado um pedido de desculpas público, e o tratamento adequado ao jornalista. Objectivamente, não há razão para que isso aconteça dentro de fronteiras Dinamarquesas. O artifício de chamar “licenciosidade” ao direito de se publicar o que bem se entende em liberdade de expressão, não é comum a todos, só àqueles que se desfazem em condenações a algo que praticam de igual modo.
A tomar esta posição relativamente a uma religião, outras muito mais sérias teriam que ser tomadas relativamente às mil piadas que a sociedade recebe via media, sobre povos que fazem parte integrante da nossa sociedade. Eu não as suporto mas aceito-as, porque existe a liberdade de as mostrar ao país, assim como eu tenho liberdade escrever este blog.
A única diferença entre o modo como cartoons são publicados em Portugal e na Dinamarca é o gosto. Estados laicos e de liberdade de expressão bem assente. Agora…
Qual seria a resposta do governo caso fosse um jornal Português?
Pelo conteúdo do comunicado de hoje…vem-me à memória um outro:
“impedir a perversão da opinião pública na sua função de força social e deverá ser exercida por forma a defendê-la de todos os factores que a desorientem contra a verdade, a justiça, a moral, a boa administração e o bem comum, e a evitar que sejam atacados os princípios fundamentais da organização da sociedade”
Bonito texto. Quem lê o comunicado do governo de hoje, bem pode ver este texto a querer ser aplicado…
O problema é que este texto serviu de 1933 até 1974 para controlar todas as publicações existentes no país. Tudo depende de quem define os critérios. E esta dependência não pode existir.
Não se pode ter liberdade de expressão para umas coisas e outras não. Tem que se confiar na sociedade para filtrar o bom do mau gosto. É o preço da liberdade de expressão.
1 comment:
Acho isto tudo uma pouca vergonha e um pretexto barato para o oriente se virar contra o ocidente. Não tinham mais nada por onde pegar contra os países nórdicos... Pegam numa coisa ridícula como esta: uma caricatura. É o que leio disto.
A liberdade de expressão foi obtida a muito custo pelos países europeus, e mete-me nojo, mas nojo mesmo a posição de algumas pessoas, que se viram contra os irmãos de um mesmo continente, com medo das sequelas que podem ser geradas neste conflito. A liberdade de expressão tem uma consequência: afecta sempre a susceptibilidade de alguém. Por isso é tão preciosa: porque alerta, critica, mostra o que está mal e o que está bem. Abre-nos os olhos e permite o diálogo e a discussão e tentar melhorar o que não está bem.
E mete-me ainda mais nojo a hipocrisia de alguns países islâmicos, que há anos que queimam bandeiras, sequestram e matam ocidentais, cospem nos valores ocidentais, destroem estátuas milenares do Buda e agora vêm reclamar estas ofensas. Isso é o quê? Não é ofender? Tudo isto me dá voltas ao estômago porque noto que estamos cada vez mais a ser dominados pelo medo e a vacilar e a baixar a bolinha.
Devíamos ter orgulho da relativa liberdade que temos e lutar por ela. Eles matam-se pelo profeta deles, nós devíamos "matar-nos" e lutar pela nossa liberdade.
E mais ainda. Estamos no nosso solo. Se não gostam dos nossos valores, regras e leis, têm bom remédio: ou protestam civilizadamente, ou voltem para os países deles. De certeza que lá estarão bem melhor... Na nossa terra, quem dita as regras somos nós. Não os outros.
Pensava sériamente que o domínio mouro e otomano já tinha sido expulso há muito tempo na europa, mas pelos vistos enganei-me redondamente...
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