O Pessimismo tuga
Uma pergunta que me surpreende aqui, e que me tem deixado a pensar, pois nada pior existe que perguntas sem resposta. Os franceses perguntam-me o porquê dos Portugueses serem tão tristes, tão pessimistas, em especial comparando com os nossos vizinhos espanhóis.
Eu ouço de forma cíclica os resultados estatísticos europeus, em que tudo varia menos o posto de mais pessimistas. O nosso posto.
Filho de quem sou, procuro sempre uma razão no passado, algo que nos faça ser diferentes nos dias de hoje. Mas a verdade é que só encontro duas grandes diferenças entre Portugal e Espanha, e nenhuma delas relevante o suficiente. Uma é o processo de formação do país, enquanto Portugal foi feito aquando da Reconquista, e as suas fronteiras pouco mudaram com o passar do tempo, Espanha foi construída durante o auge do império, casamentos foram feitos entre membros dos vários reinos, com a resultante dos herdeiros ficarem soberanos de dois reinos, e muito mais fortes. Daí se dizer que não foi Espanha que construiu o Império, mas sim o Império que construiu a Espanha.
A segunda razão tem a haver com o proteccionismo judaico feito em Portugal, no final do século XV, princípio do século XVI, havendo entre nós muito mais sangue judaico do que em Espanha, eu e qualquer outro com uma árvore pelo meio do nome somos um exemplo. Mas de resto, foram sempre os mesmos povos que andaram pela jangada. Este ponto fica para completar pelo comentador de história jojolopi, quando vier de férias.
Eliminando o passado, ficamos com o futuro que o nosso presente deixa antever. A fonte deverá ser essa mesma. O Português olha à sua volta, e não tem razões para pensar que o amanhã vai ser melhor. Digo-vos que uma das razões pela qual isso acontece, é porque se pensou exactamente assim ontem.
O pessimismo é um dos maiores inibidores de acção, que leva as pessoas a ter a frustração de não realizar os seus objectivos ao mesmo tempo que não vêem os seus medos realizados.
Sei que é mau, mas continuo sem resposta, e esta ideia dos Portugueses é antiga. O post é um pedido de ajuda. Opiniões?
3 comments:
Antes de mais, somos sem dúvida parecidos com os espanhóis mas ao mesmo tempo bastante diferentes devido a um percurso histórico significativamente independente. Estávamos nós a chegar ao Brasil e do outro lado ainda andavam às turras com os "mouros"! De Espanha nem bom vento nem bom casamento!
Outra: faz sentido o pessimismo ser inibidor da acção... mas não poderá tb ser ao contrário, ou um ciclo como o ovo e a galinha? Embora Espanha não deixe de ter um percurso semelhante ao nosso até bem pouco tempo, o facto de ser composta por várias comunidades autónomas levou a uma intensa e mais ou menos saudável competição, a qual se reflecte agora num maior dinamismo e acção. E terá sido a acção que levou ao menor pessimismo dos espanhóis (catalães, madrilenos, bascos, etc.).
A resposta estará talvez na origem do "velho do restelo" e do mito do D. Sebastião e, claro, na sua manutenção!
Continuemos a espera?
Eu proponho a indepedência para o Algarve e para azona do Douro Litoral. Criava-se logo competição interna.
Gostava de ter respostas para o nosso pessimismo, mas o que é facto é que todos nós, mais tarde ou mais cedo, já contribuímos para esse dito pessimismo (por acções ou palavras) e achamos "normal" sermos underachievers. Quando alguém se tenta suplantar passa a ouvir desde "deves ter a mania" ou "workaholic" a "de que é que isso serve se tal e tal...".
Isto só com mais um século e cima, até lá temos que ir fazendo o nosso melhor.
de facto a competição +/- saudavel entre diferentes regioes pode ser uma fonte de dinamismo que pode fazer diminuir o pessimismo...
quanto a grandes diferenças eu tenho mais uma:
a Espanha teve à bem pouco tempo uma guerra civil e nos nao... nao haja duvidas que uma guerra é uma grande fonte de pessimismo mas... é também uma fonte de esperança no futuro que pode fazer com que as pessoas a longo prazo sejam menos pessimistas. não quero com isto dizer que o q precisamos é de uma guerra civil (como é obvio) mas, no passado mais recente, a grande diferença é esta.
vitor
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