Código Da Vinci
Os meus pais ensinam história. Quando acabei de ler o Código achei por bem perguntar afinal que história é essa que ensinam, que pode ser interpretada de tantas maneiras? Despachado pela mãe, a minha falta de paciência está no cromossoma X, fui aceite de braços abertos pelo pai, que adora uma boa conversa. Ora, as conversas com o meu pai dariam um blog, pelo que vos transmito o essencial.
A História que aprendemos na escola não é a essência da disciplina. Não é fixar datas e acontecimentos. Isso estará ao alcance de quem pega nos livros. Nos dias de hoje a essência da História é conhecer bem o passado, e através dos ciclos históricos, interpretar o presente e ver as tendências para o futuro. Para ser levada a sério, esta disciplina precisa de ter exactidão, pelo que é obrigada a fundamentar-se em documentos históricos autenticados, e não em interpretações não provadas, por mais lógicas que pareçam. E se pensarem bem, para o objectivo descrito acima é mais importante a realidade que chegou aos dias de hoje, do que qualquer outra verdade escondida, pois quem a escondeu podia ter as mesmas razões que muitos hoje têm.
Os franceses acham o código uma piada. Engraçado, muitos leram-no, mas sempre com a noção que não passa de um romance, como tantos outros. Existe uma passagem em que o tipo vai comprar o bilhete para Lille, de Paris. Vai à gare de St Lazare e compra um bilhete para um TGV que parte dentro de 10 minutos. Outra passagem fala do meridiano que passa numa igreja Escocesa, numa igreja parisiense que a memória não me dá o nome, e na pirâmide do Louvre. E depois há a associação secreta do Priorado do Sião…
A piada para os franceses está no facto dos TGV´s para Lille saírem da Gare do Norte e que o meridiano da cidade Escocesa passa a 200 Km a Oeste de Paris. E o PS… a candidatura a associação foi apresentada numa prefeitura francesa nos anos cinquenta, como convém a todas as associações secretas. Um lunático francês, com sonhos altos, juntou-se com uns amigos e falsificaram documentos para que o tipo ficasse com descendência directa real, ligando-o directamente aos primeiros reis de França, os Merovíngia, e logo com Jesus Cristo. A associação PS, foi aceite como todas as outras, mas sem o histórico, já que este era falso. Dele fazia parte a lista dos nomes sonantes que teriam sido mestres da ordem, e antepassados do tipo. Escusado será dizer que isto foi considerado como uma piada pela sociedade francesa, que a vê recontada.
Gosto muito da maneira de escrever do tipo, já li os 4 livros dele. Mas fica por aí. Um escritor que não se dá ao trabalho de investigar qual a estação correcta, e torna os meridianos diagonais para lhe darem mais jeito, não é alguém em cuja interpretação histórica eu vá confiar. Tem que ser visto como um romancista. A verdade é que na leitura “fast-food” é dos melhores.
2 comments:
Pelos states a estreia do filme esta a levantar uma grande e acesa discussao! Sera publicidade apenas?
Pessoas na radio e televisao insurgem-se contra o autor e agora o filme porque, segundo dizem, o livro vai contra a fe catolica e agride os seus crentes.
Parece que ca o livro foi tomado nao como um simples romance (como dizes em Franca) mas como o resultado de profunda investigacao historica. Nao e por acaso que sao tambem americanos os livros que se lhe seguiram com o objectivo de desconstruirem a "Historia" la contada!
Vamos ver... O sucesso de bilheteira esta garantido!
João... tens que ter cuidado com os comentários que fazes. Nessa terra as palavras têm que ser bem pesadas.
O sucesso vem de ser uma boa história, como quase todos os outros sucessos de ficção. O poder da palavra escrita para os americanos sempre foi maior que para nós.
Grande abraço malandro
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