Racionalizando
Numa sala de aula, com um professor irritado com a argumentação de alguém:
“O Amor? O Amor não existe. É uma invenção de um movimento cultural que começou no século XIX e se propagou pelo mundo Ocidental. Se procurarem nas sociedades orientais, nem existe uma palavra correspondente. O que existe é uma afinidade entre duas pessoas que estão dispostas a passar o resto da vida juntas… Salvo o sentimento entre pais e filhos, o Amor, como vocês o conhecem, não existe.”
Se vos conto esta conversa é porque nunca me saiu da cabeça. Sem prova possível, mas torna muito mais fácil encarar o dia-a-dia. Se pensarem de um ponto de vista racionalista, o conceito de Amor cai às mãos das premissas.
Já li muito sobre amor, do sofredor de Somerset em “Servidão Humana” ao leve de quase todos os livros de Jorge Amado, às “Noites Brancas” de Dostoievski, um dos melhores, ao proibido dos “Maias” de Eça, e sabem, descrições eram com ele. Em todos os adjectivos reinam, mas como um conceito inexistente obriga, objectividade não existe.
A verdade é que sem o compreender, já me comportei como qualquer outro. Mas se não se usasse a palavra Amor, tudo seria igual. Aliás, usamos a palavra para mostrar ao outro que nada houve igual até agora, como a sociedade nos ensina. Paixão, essa existe. Espertos até vos podem dizer quais as substâncias criadas pelo nosso cérebro perante uma palavra, uma visão. E eu apaixono-me todos os dias. Tudo depende de quanto tempo fico a pensar na pessoa.
Se vos escrevo isto é porque em vários momentos da minha vida, já estive para tirar a mesma conclusão que o meu ilustre professor. Mas sempre a vida me deu a volta, e fiquei em mãos com algo que simplesmente não se racionaliza. Mas também vos digo, não é nenhum dos adjectivos de Eça, os arrepios de Amado, ou o desespero de Somerset que sinto. O mundo não fica cor-de-rosa. O corpo continua igual. Só uma descrição toca no que eu sinto. É mesmo fogo que arde sem se ver.
Seja o que for, é para ser sentido, não falado, nem escrito, nem lido.
3 comments:
Ai que o homem se quedou enfeitiçado... (alusão à canção "Viela" de Mário e Lundum, esta sim digna de se apaixonar por ela!)
tchiiiiiiiii! Tá apixonado!!
Ai a primavera... Ai ai...
Os passarinhos cantam, as abelhas zumbem...
Ai ai...
;)
Fazes tu muito bem!
(longo suspiroooooo)
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