Wednesday, September 27, 2006

Edimburgo as ideias




Edimburgo é de todas as cidades pequenas que já conheci a que precisa de mais tempo para se conhecer. Cada viela entre prédios é um convite à perdição de caminho e de vistas. A cidade tem dois andares. As ruas atravessam-se numa perpendicularidade desnivelada, por todo o lado há escadas ou vielas que nos podem levar de um andar para o outro.

Adrian era web designer em Londres. Cansou-se. Agora no Verão conduz turistas que perdem tempo na net a procurar o que fazer em Edimburgo. No Inverno vai dar aulas de ski aqui para os meus vizinhos Alpes. Pouca gente consegue fazer esse corte digo-lhe. Fartei-me. Dei por mim numa rotina na qual não me sentia bem. Perante um facto aceite torna-se tudo mais fácil.

O mar. Se soubessem o custo que é viver a 400 km do som de uma onda. Em Edimburgo reencontrei o infinito azul, não consegui ver a diferença entre o céu e o mar no horizonte. Aquele ponto que Pi diz estar a x milhas, mas na verdade está no nosso fechar de olhos. De volta à cidade, andar para cima e para baixo nas ruas. A Royal Mile é uma das mais compridas ruas em que já andei. Os edifícios são de pedra escurecida pelo tempo que dá ainda mais o semblante de susto à cidade. O castelo é imponente sobre a cidade. O edifício do parlamento escocês é um atentado ao bom gosto e também o foi ao orçamento feito na altura.

A ghost tour, bem essa vão ter que ver por vocês. O principio é bem engraçado, vai tornando-se sério quando se atravessa as portas do Greyfiards Cemetery. Mas repito, é algo que devem viver por vocês. Aviso só que houveram pessoas a sair do mausoléu antes de acabar. Algures no meio do cemitério está a lápide de Tom Riddle. Sim meus amigos, Voldemort era escocês. Era a vista do cemitério que inspirava JK Rawlings quando se sentava numa das mesas da Elephant House e escrevia o seu primeiro Harry Potter.

A experiência pub ganha um novo domínio quando o fazemos na terra de onde vem. Lá bebe-se e conversa-se. Mais nada. Mas a sensação de se chegar sozinho e fazer amigos num minuto é algo que raramente encontrei na vida. Ali, faz parte da cultura.

Fiz a viagem com um tipo Inglês que trabalha comigo. Vive em Edimburgo. Contava-me ele que durante o mundial de França foi ver a Escócia jogar contra um qualquer sul-americano. Os cântigos são todos contra os Ingleses dizia. Eles odeiam a Inglaterra.Quando perguntava o porquê, bastava entrar um pouco na História e havia logo motivos. Todo ao longo da História registada os exemplos de injustiça sucedem-se. O homicídio da rainha Escocesa, a desapropriação das Highlands, que na altura deu 80% da Escócia a Ingleses. Os exemplos florescem quando procuramos.

Uma última palavra para a Semião que me acompanhou na viagem, e Margareth que me acolheu e me deu um perfume do que é uma vida feita de viagens. Às duas o meu agradecimento pela estadia, mas principalmente pelas horas de conversa.

1 comment:

Porcotte Pink said...

Olha, so tenho que te agradecer muita coisa tambem: a boa companhia, as boas conversas e certos e determinados almocos que foram pagos sem a minha concordancia. Para a proxima logo ves como elas te mordem! ;)
Volta sempre!
Ainda ontem a Margaret falou de ti! Tens uma porta aberta!
Nao sei como deixaste boa impressao: estou farta de dizer ao pessoal que es um ganda ranhoso mas ningume m'acredita...