Wednesday, September 06, 2006

Genebra as ideias


Quando há uns anos o meu pai recebeu um telefonema de uma colega de Genebra dizendo que iam abrir o telejornal com um jantar encenado dos Maias de Eça, estava longe de imaginar que iria dormir a casa do Carlos Eduardo. Depois de ter andado pelo mundo, António Pinheiro abriu um café e uma livraria em Genebra. Sábado não houve copos, a noite toda a conversar com ele. Ter uma livraria no estrangeiro leva a conhecê-los todos, todos os nomes que costumamos ver na roda pé dos livros. Saramago, António Lobo Antunes, José Cardoso Pires, todos já se sentaram à mesa do nosso anfitrião do fim de semana passado. Saber como são essas figuras pela sua narração, foi como estar com eles ao lado.

Não percam a livraria Camões, nem o café Pessoa, perto da estação CFF de Genebra. Na cidade reina o silêncio. Em alguns prédios não se pode puxar o autoclismo a partir de uma certa hora. As pessoas falam baixo, o silêncio é quase visível no meio de uma cidade arranjada ao primor. Estranho para um país que sobrevive da venda das suas armas e das fortunas que guardam nos seus bancos. Se entrarem com uma mala ensanguentada, cheia de dinheiro, ninguém vos pergunta donde vem enquanto o guardam no cofre, tirando a sua percentagem.

Todos os suíços fazem parte do exército. Todos têm uma arma em casa. São também o único país, para além dos Estados Unidos, a democratizarem o poder jurídico, um dos objectivos a almejar pela nossa actual democracia. Costumo pensar que das duas democracias mais avançadas do mundo, a Suiça e os EUA, os últimos seguiram o mau caminho da democracia, pelo poder que os cega, enquanto os primeiros conseguiram ser uma esperança para o menos mau dos regimes políticos.

No entanto vivem num isolamento constitucional do mundo, e com armas na cabeceira.

1 comment:

Sari said...

Adorei a foto!!!!!! Grande ideia ;)