Saturday, November 11, 2006

"Planisfério Pessoal" de Gonçalo Cadilhe

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Sabem aquele vosso amigo que tem sempre uma história para contar, que todos na mesa fazem silêncio para ouvir, deixa um olhar de encanto nas vossas namoradas que vocês nunca conseguiram pôr, e mesmo assim não se conseguem chatear com ele. Que vos faz sentir humildes e pequenos num mundo em que os valores são cada vez mais frases escritas e não actos significativos. Que vos faz lembrar que a nossa sociedade é única neste planeta, e que mais de dois terços da humanidade nunca vai conhecer um décimo do conforto que temos como garantido. Que vos enquadra neste planeta à volta do sol, num modo de vida em que giramos à volta do umbigo.

Aquele vosso amigo que abertamente chamam de louco pela opção de vida, mas secretamente invejam o desprendimento. Que vos põe a sorrir com uma frase rápida, uma situação a propósito. Que vos faz pensar com uma comparação, uma estatística da cartola. Que vos entristece com uma história de um ser humano leal, trabalhador e honesto como a maioria, e vive numa barraca de zinco só porque teve o azar de nascer num país diferente do vosso.

Aquele amigo que usa os seus valores como motor da sua acção, mas não tenta incuti-los nos outros. Que durante a sua vida aprendeu que por mais diferentes que as pessoas sejam, pode-se sempre aprender bastante com elas. Que não se tem que aprovar maneira de viver para se apreciar o tempo que se passa junto. Que na sociedade em que a tentativa de aglutinação da personalidade do próximo é base de comportamento, ele mantém a sua e sabe apreciar as diferentes outras.

Sabem esse vosso amigo que todos têm? Apresento-vos o meu. Numa relação de sentido único mas realizadora. Idolatrizarão de um ser humano tem fracasso seguro, e o bom do tipo é exactamente a normalidade das palavras, ideias, dos defeitos e qualidades. Mas nesta busca de “qual o objectivo da vida?” feita por alguém sem credo, Gonçalo Cadilhe dá uma boa resposta.

2 comments:

Anonymous said...

Acho que temos um amigo em comum, embora Ele nao saiba disso. Mas nao nao faz mal, pois nao? A presenca dele na nossa mesa de cabeceira e suficientemente reconfortante.
Beijo, Anocas

A. said...

É pena ser uma relação unilateral, que era daqueles que te pediria para me apresentares.