Portugal das origens ao sec. XX
Este é apenas um exemplo, histórias de Portugal condensadas há bastantes. Mas um dos ensinamentos mais importantes que a História nos dá é ela mesma. Porque se achamos que o destino é indeterminado, certas escolhas darão sempre o mesmo resultado final. Seguir os bons exemplos sem repetir os mesmos erros. É isto que a História nos pode dar para construir um bom futuro. É esse o seu objectivo.
A crise social do século XVI: “ Cresceu desmesuradamente o apreço pelo luxo supérfluo que muitos entendiam ser um sinal público de prestígio. Aparecem então os novos-ricos que ostentam uma vida aparatosa como se fossem pessoas privilegiadas da alta burguesia financeira…”, “…num comportamento acima das suas possibilidades…” São muitos aqueles que desprezam o trabalho manual, que andam desempregados pela cidade à espera que haja embarque para as colónias…”, “… a introdução de escravos contribui poderosamente para a mentalidade de desdém que as pessoas livres tinham pelo trabalho…” “… não foi só o povo, a nobreza e o clero, todos eles tentados a imitar a vida da burguesia endinheirada, todos eles pouco resistentes ao vício. Era a corte do rei que dava o exemplo…”
Viver acima das suas possibilidades para aumentar a aceitação social, o menosprezo de trabalhos menores da sociedade e a entrega a imigrantes muitas vezes mal considerados pela mesma, o exemplo que vem de cima, da alta sociedade. Se muitas vezes os paralelos são difíceis de traçar, neste caso, o difícil é que não vos apareçam na cabeça.
Para além das condicionantes geopolíticas e o génio de D.Henrique, que permitiram os descobrimentos: “…era um país com notável infra-estrutura de construção naval, com gente habilitada para sulcar o mar, o oceano, conhecedora de instrumentos, cartografia e astronomia, que haviam aprendido no contacto com os comerciantes e marinheiros árabes e genoveses, e na própria experiência…”
Não é por sorte que a empresa dos Descobrimentos se torna tão importante. Os conhecimentos foram sendo construídos ao longo do tempo, permitindo uma boa base a um bom estratega. Havia matéria-prima em conhecimento. Faltava alguém que soubesse aproveitar e melhorar essa matéria-prima. É essa a safa de quem não tem recursos naturais. As pessoas são o seu recurso. Há que apostar nas pessoas, na formação profissional, aproveitando o bom grau de educação já existente.
Uma das conclusões mais fáceis de tirar é que a evolução do ser humano é feita pelo choque de gerações. A mais nova contra a mais velha. É também a experiência da mais velha que ajuda a consolidar as experiências das mais novas, formando-se e aceitando-se assim um novo conhecimento. É desta luta/cooperação que sai o impulso da evolução humana. Fizéssemos nós o mesmo que os nossos pais, e estaríamos agora na mesma caverna dos nossos antepassados.
A junção desta conclusão com a observação da sociedade portuguesa é-me bastante complicada de fazer. Porque vejo gente da minha idade a preferir hipotecar a casa em vez do carro último modelo, porque vejo gente reformada a dar aulas de apoio em associações de apoio aos desfavorecidos, porque vejo muitos amigos a virem para fora aprender com a perspectiva de ajudar Portugal mais tarde… porque vejo gente mais velha cujo principal objectivo é fazerem o menos possível no emprego, sem serem chamados à atenção.
Somos um produto do nosso passado, é verdade. Mas cometer os mesmos erros de novo, é muito, mas mesmo muito triste. Não aproveitar os bons exemplos, também não é muito inteligente. Mas traçar-se um rumo não chega. É a sociedade que deve perceber a importância deste caminho. Não basta por as pessoas a trabalhar mais tempo e sanear com despedimentos a situação. Há que construir algo para o futuro, o que já deveríamos ter feito com os apoios da comunidade europeia. Se consumimos tanto, o que produzimos?
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