"Portugal Hoje, o medo de existir" de Jose Gil
No meu Portugal íntimo não se vê muita televisão. As peças de teatro, livros e filmes são discutidos, aconselhados ou não, de boca em boca. Não se tem medo de fazer crítica. A desculpabilização pelos media funciona ao contrário. Temos bem inscrito o que os actores do nosso tempo fizeram, a sua maneira de ser, e principalmente o sentimento que nos provocam. E provocam novamente. Até quem os põe lá perceber. Somos livres no nosso “corpo”, mas passamos muita dessa liberdade a buscar conhecimento que nos permita alargar esse corpo. Para assim sermos verdadeiramente livres. No Portugal que me rodeia a felicidade do outro é o motor da nossa própria. Não como um messias, mas como modo de vida banal, sem grandes alaridos. A inveja é olhada de lado, e principalmente marginalizada. Nunca tivemos a síndrome da obediência cega e burra que veio de Salazar, nem a temos agora para com as tácticas do capitalismo que nos fazem rir na mesa do café. Temos objectivos bem definidos e sabemos que não podemos contar com a ajuda de ninguém, sem ser esses que nos rodeiam. E é essa a nossa motivação e a razão de não termos medo de existir.
Eu não revejo o meu universo Português, os que me rodeiam, neste livro. E acreditem, pessoas mais normais que nós não existem. À pergunta que ficou sem resposta, sentados sobre Lisboa, a minha resposta é que o livro não é intemporal. Longe disso, no que diz respeito ao meu bem pequeno universo Português, é ultrapassado. Um dia não terei que me contentar só com o meu universo. Exercendo o direito à crítica que tanto se fala no livro, vou ficar à espera do dois com as soluções. Não percebo o histerismo que o livro provocou. Falar do mal e pôr as culpas na falta de educação democrática vinda do processo do pós 25 de Abril é o que todos andam a fazer desde o dito. Se ficarmos por este livro, ficamos iguais.
No comments:
Post a Comment