A Felicidade, esse animal
Lendo “Cultura” de Dietrich Schwanitz. Concordo que a sociedade Ocidental seja filha de Jesus e Ulisses, por assim dizer, da Bíblia e das epopeias gregas Ilíada e Odisseia. Porque maior pecado não existe que ler sem pensar, procurar-se-á devidamente o comum entre as figuras. Esquecendo a vida privada, porque de trivialidades já todos vivemos, o que sobra é um grande sofrimento compensado pelos deuses, ou Deus, porque o singular e plural assume alguma importância no caso, com uma vida sossegada, numa nuvem ou numa Ítaca à beira-mar a partir pratos a todas as refeições.
E assim sofremos, o sentimento romântico da perda, não correspondência e frustações várias, assaltam-nos diariamente e no fundo pensamos... Também Cristo teve um chapéu fora de moda, também Ulisses esteve 20 anos a sofrer, também eu vou ter a felicidade que agora me faz amaldiçoar quem ma vai dar mais tarde. Não querendo, claro, atacar o dúbio no conceito de felicidade que, como tantos outros, nasce da experiência de cada um. Conto muitas vezes que os mais felizes que já conheci, o eram com muito pouco.
O meu colega Calvinista, não o macho Alfa, este fez um acordo com o diabo, mas não foi tão nobre como Fausto e preferiu ter uma mulher quando estala os dedos. Mas voltando ao Calvinista, este acredita que quando se nasce já se tem predestinada a morada final. Determinista como bom religioso que é, o Calvinista convence-se que já tem o lugar no céu, mas como quem lá mora sofreu bastante em vida, e para mostrar aos outros que vai para lá, trata de sofrer também. Sem adjectivar e mesmo assim consigo fazê-lo parecer ridículo.
Porque para haver texto tem que haver princípio meio e fim, e este último só sobrevive com uma conclusão, forço-me a chegar ao óbvio, ou pelo menos, assim será para quem pensa um pouco na vida.
Tratem vocês de ser felizes.
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