Sentido da vida
Um anúncio... simples de fundo laranja e uma só frase no interior...
1: Faça favor.
2: Obrigado.
1: Então diga-me... Qual a razão da sua visita?
2: Sou turista aqui na cidade. Vi o vosso anúncio na rua e achei... achei que tinha que falar com voçês.
1: Com certeza.
2: Voçês... primeiro que tudo... voçês não só descobriram algo que atormenta o pensamento de pensadores desde a antiga Grécia, como ainda o fornecem a quem vos consultar.
1: Sim. É a isso que nos propomos.
2: Primeiro que tudo, qual é o sentido da vida?
1: Na nossa opinião, essa não é a principal pergunta. Para nós a necessidade de sentido ultrapassa a questão metafísica em si.
2: Necessidade?
1: O facto de se viver, "existir-se", implica directamente que haja um sentido, uma razão para que se exista.
2: Eu interpreto a pergunta: "Qual o sentido da vida?" como sendo a demanda pela nossa existência, porque faz sentido vivermos?
1: Concordo. O que nós achamos é que não nos cabe a nós, ser humano, sistematizar um mecanismo que responda a essa pergunta.
2: OK... se entendi bem, voçês dizem que esse sentido existe, mas não têm maneira de saber qual é... Existe, é isso?
1: Voçê está a voltar ao que não interessa... Por exemplo, um animal, se parar de fazer o que faz parte do seu sentido de vida, pode provocar estragos numa cadeia alimentar, assim como na sua própria existência.
2: Um animal. Para voçês, o sentido da vida de um animal é comer, beber, reproduzir-se, e nestas actividades, indirectamente, propiciar equilíbrio entre as outras espécies.
1: Não é só isso que os animais fazem? O que eu lhe quero provar é que quem não segue o sentido da sua vida acaba por desaparecer. Aceita isso?
2: Segundo a vossa filosofia, uma pessoa não tem remédio, desde que respire já está a ... seguir o seu sentido!
1: Voçê sabe qual a razão principal da nossa existência? Constatou-se que maior parte dos suicídas dos países de primeiro mundo não o eram por algo de horrível que tenha acontecido na sua vida. Eram-no por falta de objectivos de metas... de sentido para a sua vida.
O homem é o único ser racional deste planeta, ou pelo menos gostamos de pensar assim. A questão do sentido da vida não pode ser interpretada como tarefas genéticas para o ser humano. Tem que se ir mais além e encontrar um sentido que a própria consciência pessoal concorde como sendo válido, aceitando-o.
Portanto quer se esteja no topo ou no fundo da cadeia de consciência, quem não segue o seu sentido, acaba por fraquejar. A vida só faz sentido... se lhe for fornecido um sentido.
2: O ovo ou a galinha?
1: A vida é uma constante. Não precisa de sentido para acontecer. Pelo contrário, sentido existe enquanto há vida. Mas, a partir de um nível de autoconsciência, a vida também só existe se houver um sentido. É nesta encruzilhada que está o ser humano.
2: O que é que voçês dizem a quem vos procura?
1: Nós simplesmente... ajudamos as pessoas a encontrar o seu sorriso. E a fixar todas as suas energias a mantê-lo constante. Todas as pessoas têm algo que os faz sentir bem, pode ser da razão mais egoísta à mais solidária, não fazemos julgamentos de valor. O importante é ter a noção daquilo que mais gostam no mundo e que lutar por isso os pode deixar completos de sentido em termos de consciência.
1: O segredo está em encontrar um sorriso alcançável a cada pessoa. Se voçê me dissesse que o que queria mais era ter um metro e noventa, eu não lhe posso dizer para ir à luta e perseguir o seu sorriso. Aliás, como é que voçê poderia saber que era isso que mais queria... nunca os teve.
1: Por outro lado, de certeza, por uma vez na vida já experienciou algo que o fez feliz, é impossível não se conhecer esse sentimento, derivado de várias vivências. É nisso que se tem que basear o ser humano. E se um se torna impossível, passar aos seguintes.
1: O problema é que o sentido da vida é sempre encarado numa perspectiva global, enquanto que a vida é uma característica individual. O sentido de cada vida pertence a cada um, e é construído a partir das vivências de cada um.
1: Os nossos dois lemas: Primeiro, seguir a curiosidade, acumular o máximo de vivências, sempre em consciência e segundo os seus valores. Segundo, repetir as que o fizeram feliz. Isto, claro está, enquadrado nos valores individuais e de sociedade da qual faz parte.
1: Amigo... O sentido da vida é, dentro do possível, ser feliz e lutar por o ser.
2: Um contra-ponto... Imagine uma pessoa com poucas vivências. Teve uma muito boa, continuou com ela, não conheceu mais nada. Sendo esta a coisa, que conhece, a que a faz mais feliz... porquê continuar a seguir a curiosidade. Sabe, existe um princípio que diz que quanto menos as pessoas conhecem do mundo, vivências, mais felizes são. Vê-se as pessoas nas aldeias, que nunca viram o mar, nunca conheceram mais que 50 pessoas, acabam por ser muito felizes na pequena esfera que têm de conhecimento. Elas pensam lá o quanto feliz seriam de quebrassem a fronteira de 15 km da sua aldeia. São felizes assim...
1: Dois comentários... Primeiro, a situação que acaba de descrever enquadra-se na minha última frase... sim? Agora o que eu lhe digo é que caso alguma coisa aconteça, e não possa voltar a ter a mesma vivência, se as tem, pode ir às outras vivências que teve, que não o faziam tão feliz, mas que ainda são possíveis. Se as não tiver... Pode cair na nossa razão de existência.
2: Voçê tem noção, que no fundo, sistematizaram a resposta à pergunta que me trouxe aqui.
1: Sistema... se quiser... mas na minha cabeça é claro.
1:Na sua?
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