Tuesday, December 06, 2005

Uma vida inspiradora



Tenho que dizer... nunca fui fã de poesia. É como a pintura. Aqueles conceitos e regras que dizem do valor das obras de arte... Nunca me disseram nada, e nunca consegui memorizar nenhum também. O que me interessa é o contexto em que são feitas. A mensagem que querem enviar. Mas isto num outro post...

Como tal, achei estranho deixarem um livro deste senhor para ler, para além do mais da minha mãe, que me conhece melhor que ninguém. Em 71, Pablo Neruda escreve uma autobiografia denominada "Confesso que vivi". Quando comecei a ler, a ideia que tinha de Pablo era a do "poeta do amor", muito pelo recente filme, como pelo olhos passados nos seus livros. Sabia que era Chileno... e ficava por aí.


Imaginem uma pessoa que conhece Che Guevara, Lorca, Stalin, Jorge Amado, Ghandi, Gabriel Garcia Marquez, Fidel Castro, Picasso e muitos mais (infelizmente o livro encontra-se a ser lido do outro lado do Atlântico). Não só os conhecimentos de várias personalidades, como está na guerra civil espanhola, atravessa várias ditaduras nos países de América do Sul, é cônsul chileno em Paris, e ainda dá um pézinho em plena Revolução Cultural chinesa.

Este homem foi o Forrest Gump dos acontecimentos mais relevantes do sec XX. Inspira-me todos os dias. Não vos vou falar sobre a vida dele, isso acaba com o objectivo de vos pôr a ler o livro.

Para quem não sabe, Pablo era um devoto ao ideal comunista. Não se assustem, não há qualquer propaganda, sómente um parágrafo em que explica o porquê da sua escolha política, o que, numa autobiografia, é mais que aceitável, até exigível.

O livro começa com uma descrição da sua infância e terra Natal. Aqui, não percam a paciência, o que parece ser um livro de prosa poética descritiva, passa rapidamente à adolescência e à primeira viagem, como cônsul no Oriente. A meio da sua vida, já com a reputação formada, é que começam os encontros e a parte mais interessante.

É uma autobiografia, e como já ouvi dizer, estas tendem sempre a ser os romances de vida que os autores esperavam ter... Mas este tem um contexto diferente. Ele é descritivo e opinativo, mas muito simples, mesmo muito simples. Dá opinião naquilo que a sua personalidade o obriga. Nada massudo, e um exemplo para todos, em termos de vida, e o que se pode fazer durante a mesma.

Acreditem que vale a pena. Com uma vida pelo horizonte... A de Pablo ajudou-me a perceber que se pode melhorar o mundo, das mínimas acções, até grandes obras de humanismo.

A prova provada que, de facto, ninguém nos conhece melhor que as mães. Nesta fase da minha vida, é o melhor exemplo que podia ter.

Leiam!



1 comment:

Anonymous said...

Quais catálogos de recomendações da fanc, qual quê!
Acho que acabei de descobrir qual o livro oferecer ao meu pai ou irmão no Natal! Thanks E depois já fica aqui por casa para eu dar uma vista de olhos ;)
Besos mille