Wednesday, March 01, 2006

A escritora gótica que virou beata

Ainda a jukebox existia numa associação desportiva, algures na baixa, quando lá estive. Sempre achei graça aos góticos, aqueles folhos, os cabelos ou barbas compridas, caras brancas e olhos pintados de preto. Na rua isolados são um sorriso nos nossos lábios, mas quando se juntam somos nós que estamos mal. Aquilo era uma associação desportiva… era vê-los arregaçar os folhos para os matrecos, ver os jogos de luzes e os véus no ar, com um espaldar atrás (a discoteca era um ginásio), uma tipa de branco beijava todas as pessoas de pista, f/m... Ficou gravado. Mas se a roupa, os usos e as tipas (a sacana não me beijou) não me seduziram muito, a literatura sim. O primeiro encontro foi com o “Entrevista com um Vampiro” de Anne Rice. Uma pérola gótica, seguida de mais títulos vampirescos, ao longo da sua carreira.

O seu novo livro, nada gótico, romanceia a vida de Cristo, dos 7 aos 8 anos, na primeira pessoa. Originalidade a 100%, no fundo é a tomada de consciência de um miúdo que é especial sem ninguém lhe explicar porquê. É estar dentro da cabeça de Cristo, quando ele percebe que é filho de Deus, e por isso cura os doentes, faz nevar em Nazaré… Quem me conhece, sabe que sou do mais ateu possível, mas o interesse nas grandes personagens históricas está nos genes e pouco posso fazer.



Tem uma paranóia pelas línguas, sempre a falar delas, está escrito como um miúdo de 7 anos pensa, logicamente, e nota-se que evolui com o passar do tempo. A nota da autora está porreira, em especial a parte da investigação feita sobre Cristo. Não sei se já está traduzido, mas se o virem numa livraria dêem uma olhada.

A propósito, quem me apresentou ao meio, o grande Artur, tem agora um bar numa das cidades em que o espírito gótico é mais forte. Quando voltar quero uma birra à minha espera no Xantarim, em Santarém. Só incluí a barba comprida por tua causa...

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