A nova unidade estatística - O Portalegre
"O algoritmo Portalegre
Ruben de Carvalho
Jornalista
A acompanhar uma amável entrevista com Francisco Louçã, o Expresso da passada semana publicou o que pretende ser o até hoje mais completo estudo sobre a realidade orgânica do Bloco, clinicamente aliás intitulado Radiografia do Bloco de Esquerda. Com direito a um pormenorizado mapa de Portugal, especificando os números bloquistas por distrito e regiões autónomas, de militantes e de votos nas legislativas de 2005.
Os resultados são deveras interessantes. Segundo o semanário, o Bloco possui em Portalegre 61 militantes; em Viana do Castelo, Vila Real, Bragança, Guarda, Castelo Branco, Évora, Beja e Açores, em cada um, 122 militantes (o que, verifica-se, corresponde em todos exactamente ao dobro de Portalegre, 2x61); em Leiria serão 183 (ou seja, 3x61); em Aveiro, Santarém, Faro e Viseu atingem em cada os 244 (uns quadrangulares 4x61); em Braga, Coimbra e Madeira já sobem para uns distritais 305 (isto é, 5x61); em Setúbal o factor multiplicativo é de 12, a saber, 12x61=732. As maiores multiplicações do Bloco ocorrem no Porto e em Lisboa, no primeiro 13 Portalegres (793=13x61),atingindo na segunda 24 Portalegres (1464=24x61).
Desmentindo os resultados dos exames nacionais de Matemática e as preocupações do prof. Nuno Crato, não só aquelas multiplicações de Portalegres estão rigorosamente certas como, de acordo com a investigação do Expresso, o "total de militantes" é precisamente de 6100, isto é, exactamente 100 Portalegres, também o resultado da operação que consiste em somar as aplicações a Portalegre dos factores multiplicativos bloco-distritais.
Estamos assim perante um caso de estudo que inevitavelmente irá marcar para o futuro a investigação estatística, sociológica e política portuguesa (e quiçá não só), facto que é, de resto, desde já atestado pela cuidadosa exegese que o articulista do jornal faz a estes números, conhecedor como certamente será das rigorosas arquitecturas orgânicas e contabilísticas que permitiram atingir este multiplicado rigor milimétrico. É que poderia até suceder que um qualquer distrito tivesse, digamos, dois Portalegres e meio - mas não: está tudo certinho. Apenas uma pergunta: quem é que palmou a máquina de calcular da redacção do Expresso?"
Via Vitor Borges
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