Thursday, September 28, 2006

"A Lua pode esperar" de Gonçalo Cadilhe

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É a primeira vez que me preocupa. O não estar à altura para comentar um livro. Está directamente ligado ao facto deste livro ser alguém por escrito, e não o produto de alguma fantasia desejada a substituir a realidade. Este tipo é real e a vida que leva, o desejo de tantos, é real também. Quando nos pomos nos seus pés e percorremos os mesmos trilhos, as mesmas emoções, as mesmas dúvidas, percebemos os pensamentos, as ideias… o sorriso da capa.

Apesar de não partilhar as experiências de vida, partilho muitas opiniões e principalmente a maneira de ver o mundo de Gonçalo Cadilhe. E é por vê-las tão bem descritas em cenários que provavelmente nunca vou conhecer que me sinto ultrapassado em palavras. É um livro que veementemente recomendo sem conseguir explicar porquê.

Assim, explico-vos apenas o contexto em que estava a minha vida quando o comecei a ler e o efeito que nela teve.

Quando vim para França, vim por 3 meses. Ao final desses, perguntaram-me se queria ficar por mais 3 e assim sucessivamente até aos 15 meses. Altura em que achei que já tinha pouco a aprender aqui. Dois caminhos se abriram para mim. Ou voltava para Portugal, para a minha amada vida de antes, os amigos, os copos, o ir a casa cagar e dormir como me dizia o meu pai. Ou continuava, noutra empresa, a trabalhar fora. Esquecendo as condicionantes profissionais, as pessoais não eram as mais claras. Por um lado a saudade da vida antiga e do sorriso que me trazia, por outro a possibilidade de continuar a viajar e a aprender durante mais um ano.

Quando estou sozinho em casa durante a madrugada a enrolar cigarros e a escrever num ecrã portátil a opção parece clara. Quando estou num meio de um mausoléu num cemitério escocês a ser atacado por um Poltergeist, também a opção é clara. Não foi Gonçalo Cadilhe que me deu a resposta. Apenas me ajudou a aceitar o que eu queria. Assim se tudo correr bem, com mais desenvolvimentos quando realmente se confirmar, não irei deixar esta vida. Apenas num país diferente.

Este livro é um convite a uma leitura deliciosa sobre as viagens de Cadilhe por esse mundo fora. Livro para ler e sonhar com a nossa viagem à América do Sul. Diz a dedicatória na minha terceira folha. Mais do que sonhos com uma qualquer viagem, deu-me as certezas que precisava, e isso não posso dizer que qualquer outro livro, pessoa ou processo.

Vale a pena.

3 comments:

Anonymous said...

De facto este livro não nos dá grande margem de manobra para comentarmos, sem corrermos o risco de dizermos banalidades. Quando digo este livro, é como se falasse também do "Planisfério Pessoal" e " No principio era o mar". Todos eles são uma grande leitura, uma grande inspiração para que possamos ter uma nesga de coragem para mudarmos as nossas vidas plásticas e cinzentas. Para que tenhamos coragem de alterar o rumo destas, para fugirmos à rotina, para fugirmos ao embrutecimento que esta nossa sociedade tão "poucochinha" que é a Portuguesa nos quer colar,onde se vive para a bola, para as greves e para a falta de civísmo entre uns e outros! Nem que seja por um dia, já é bom sair daqui, já nos abre a mente, já nos dá outra côr e outra energia para o regresso!

Mário said...

Oi André. Fico contente por seguires o rumo que desejas. Que tudo te corra bem. Abraço

Anonymous said...

Meu querido,
Manda-te para estas terras abaixo do nível do mar. Prometo-te o planisfério pessoal. Mas emprestado, porque foi uma prenda do meu pai.

Beijo