Thursday, October 12, 2006

Dizer a adeus a uma vida é um enterrar, um funeral de momentos. Sabendo-se ressuscitado logo a seguir. Nunca disse adeus a nada. Mesmo a morte nunca me fez dizer essa Palavra. O adeus da morte não é para quem cá fica dizer. O racionalismo deste adeus difícil diz-me que fui feliz. Quem diria. Mas fui, e acho que primeiro passo para aceitar este adeus é perceber isso. Claro que há um olá na esquina, que o sorriso fácil vai lá estar sempre. Mas sabem, é como os amantes quando se separam, sabe-se que as razões da vida não os sustentam mais, que o melhor caminho não é estarem juntos, mas no fundo, desejamos que naquele instante em que as palavras tomam forma de decisão, tudo torne a ser o que era antes.

Faz agora pouco mais de um ano, quando cheguei a França apanhei um táxi. O meu primeiro cliente para o francês ensaiado. Dizia-me ele, Lyon é uma cidade burguesa, é difícil fazer amigos aqui. Mas os que fizeres serão amigos para a vida. Eu nunca penso muito no Passado ou no Futuro, acho o Presente uma ocupação mental muito mais salutar. Mas desta vez, só desta, eu tenho uma certeza relativa ao meu futuro. Que o tipo tinha razão.

O bom do adeus a uma vida, é que logo a seguir vem um olá a outra. É o pouco conforto que consigo arranjar. Mas nestes últimos 7 dias que me restam aqui, a doce tristeza do adeus vai andar no meu espírito o tempo inteiro. É a homenagem forçada ao ano da minha vida. Da que tive até agora.




Amanhã marcharei para Toulouse, dizer adeus aos Tugas de Lyon na Coimbra cá do sítio parece-me apropriado. Até segunda.

2 comments:

Lis said...

A cada partida, uma chegada.

Sari said...

(adorei este post)