D. Afonso Henriques ou D. Afonso Moniz

Sabem, a História, aquela que pode ser contada de várias formas perante o olhar de cada um sobre os factos, tem, pelo menos, uma versão que é considerada por uma maioria, pessoal que percebe, como sendo a verdade. Mas, tal como o presente, também o passado está em permanente mudança, ou deveria estar. Ingénuo aquele que, no presente, acha os segredos do passado menores que os do futuro.

Quando uma árvore cai no meio da floresta mas não se conhece ninguém que a tenha ouvido, ela na realidade não caiu. Quando, num momento de distracção, se conhece um amigo de um amigo, que realmente esteve lá e jura pela mãe, pai, gato e cão que a ouviu cair, podendo ir ao extremo de o provar, então o passado muda e passa a ter uma árvore caída na floresta, onde, antes, tudo estava na paz do senhor.

Da desculpa usada para se impedir o desaparecimento da dúvida, acho que o cadáver não ia gostar. Não que ele tenha gosto próprio, mas fica sempre um pouco pegado da alma que expressa a sua opinião. E todos sabemos que a alma gosta muito mais de ser lembrada pela obra feita, que por um monte de ossos metido numa caixa de madeira. Alguma parte de um corpo, vivo ou morto, deverá poder ser chamada de património?

O maior Português deveria ser Egas Moniz. 900 anos a enganar gerações e gerações.