Índia
A única coisa que podem aprender com a minha experiência, isto não a vivendo, é que nada vos prepara para a Índia. Nada que vos digam, que possam imaginar, vos prepara para a total ausência de uma visão conhecida. Tudo sai fora do nosso imaginário, esqueçam o café simpático na esquina, o prédio de fachada arranjada, a tabuleta que de maneira tão simpática vos informa em que rua estão. A única coisa que podem aprender aqui, é a destruir o vosso referencial ocidental.
Sem guia e apenas com as sábias palavras da Graça Mexia as semanas antes foram passadas entre a internet e olhar o mapa da Índia sem saber o que se escondia por detrás daquelas províncias, com nomes enormes de sílabas que parecem juntar-se por acaso. Se era claro na minha cabeça que nunca ia faltar ao casamento do Akshay, razão que me levou lá, o que estava a fazer indo três semanas mais cedo, sozinho, não era tão claro. Diria que só lá me apercebi que estava sozinho no meio dos 20 milhões de habitantes de Delhi.
Foi sobre os desertos do Paquistão, já de Lonely Planet no bolso, que resolvi seguir o conselho de Graça e ir directo a Delhi. Perto de Agra, Varanasi e Rajastão, torna-se o centro de todos os turistas, viajantes e backpackers que partem nesta viagem. A insegurança é a primeira a aparecer. Apesar de também a espaços durante toda a viagem, rapidamente se percebe que não tem razão de ser. Vai desaparecendo à medida que se vai percebendo que fora do circuito turístico, o povo indiano é lindo na sua cultura, nos seus valores e no seu sorriso.
Embevecido pelos valores de viajante quis fazer tudo sozinho. Comboios, autocarros, existem, nas suas dezenas de classes. Mas os bilhetes são para daqui a três dias. O tipo da Rishka, a troco de uma comissão, em vez de me deixar na estação, deixava-me no amigo que vende bilhetes falsos ou no mercado negro. A primeira impressão de um turista na Índia é que é um pedaço de carne com carteira. Quando pensei estar numa agradável conversa com um indiano, a ganhar confiança, logo vinha a conversa do amigo que tem uma loja e que nos vai oferecer chá.
Diziam-me que em visita à Índia, durante a primeira semana nos perguntamos o que estamos a fazer ali. Na segunda se começa a perceber alguma da lógica daquelas pessoas, e na terceira nos perguntamos o que vamos fazer de volta para o nosso país. Estava em plena primeira semana, e não estava a gostar nada de Delhi. Com três semanas para gastar, resolvi não perder tempo em filas de fuínhas e fiz o que a maior parte das pessoas faz. Contratei um carro e um condutor. Foi assim que conheci Harish, e se vos conto esta viagem de sorriso nos lábios, muito se deve a ele. Percorri milhares de quilómetros ao lado desse mascador de tabaco, viciado em ópio e whiskey, que todos os dias me oferecia prostitutas. Bastava estarem 5 minutos com este homem e qualquer um de vós mudava para sempre.
Quando lhe dizia que não às prostitutas, perguntava rindo se não queria ao menos tirar fotografias. Quando lhe dizia que beber todos os dias era um desperdício, perguntava-me como se podia dizer que não a um amigo. Quando lhe dizia que o ópio como hábito não era bom, perguntava-me como poderia aguentar a sua vida sem ele.
Para nenhuma tive resposta. Ao viajar pela Índia tomei consciência, tão facilmente que me chocou nestes princípios cristalizados de ocidental, que no lugar daquelas pessoas, nós seríamos exactamente iguais. Bastava apenas ter nascido lá. Nada mais. No fim, temos a vaga certeza que seríamos bem piores.
Os vários lugares em pormenor vem nas próximas semanas.
Sem guia e apenas com as sábias palavras da Graça Mexia as semanas antes foram passadas entre a internet e olhar o mapa da Índia sem saber o que se escondia por detrás daquelas províncias, com nomes enormes de sílabas que parecem juntar-se por acaso. Se era claro na minha cabeça que nunca ia faltar ao casamento do Akshay, razão que me levou lá, o que estava a fazer indo três semanas mais cedo, sozinho, não era tão claro. Diria que só lá me apercebi que estava sozinho no meio dos 20 milhões de habitantes de Delhi.
Foi sobre os desertos do Paquistão, já de Lonely Planet no bolso, que resolvi seguir o conselho de Graça e ir directo a Delhi. Perto de Agra, Varanasi e Rajastão, torna-se o centro de todos os turistas, viajantes e backpackers que partem nesta viagem. A insegurança é a primeira a aparecer. Apesar de também a espaços durante toda a viagem, rapidamente se percebe que não tem razão de ser. Vai desaparecendo à medida que se vai percebendo que fora do circuito turístico, o povo indiano é lindo na sua cultura, nos seus valores e no seu sorriso.
Embevecido pelos valores de viajante quis fazer tudo sozinho. Comboios, autocarros, existem, nas suas dezenas de classes. Mas os bilhetes são para daqui a três dias. O tipo da Rishka, a troco de uma comissão, em vez de me deixar na estação, deixava-me no amigo que vende bilhetes falsos ou no mercado negro. A primeira impressão de um turista na Índia é que é um pedaço de carne com carteira. Quando pensei estar numa agradável conversa com um indiano, a ganhar confiança, logo vinha a conversa do amigo que tem uma loja e que nos vai oferecer chá.
Diziam-me que em visita à Índia, durante a primeira semana nos perguntamos o que estamos a fazer ali. Na segunda se começa a perceber alguma da lógica daquelas pessoas, e na terceira nos perguntamos o que vamos fazer de volta para o nosso país. Estava em plena primeira semana, e não estava a gostar nada de Delhi. Com três semanas para gastar, resolvi não perder tempo em filas de fuínhas e fiz o que a maior parte das pessoas faz. Contratei um carro e um condutor. Foi assim que conheci Harish, e se vos conto esta viagem de sorriso nos lábios, muito se deve a ele. Percorri milhares de quilómetros ao lado desse mascador de tabaco, viciado em ópio e whiskey, que todos os dias me oferecia prostitutas. Bastava estarem 5 minutos com este homem e qualquer um de vós mudava para sempre.
Quando lhe dizia que não às prostitutas, perguntava rindo se não queria ao menos tirar fotografias. Quando lhe dizia que beber todos os dias era um desperdício, perguntava-me como se podia dizer que não a um amigo. Quando lhe dizia que o ópio como hábito não era bom, perguntava-me como poderia aguentar a sua vida sem ele.
Para nenhuma tive resposta. Ao viajar pela Índia tomei consciência, tão facilmente que me chocou nestes princípios cristalizados de ocidental, que no lugar daquelas pessoas, nós seríamos exactamente iguais. Bastava apenas ter nascido lá. Nada mais. No fim, temos a vaga certeza que seríamos bem piores.
Os vários lugares em pormenor vem nas próximas semanas.
3 comments:
Olá primo!!
Sou cada vez mais fã das estórias que vives e contas no teu blog. E confesso que tenho um bocadinho de inveja desse teu espírito geógrafo...
Um grande beijo e um 2008 recheado de coisas boas!
Prima Cláudia Pinto
PS. Tenho uma amiga que vai à India em Março. É possível que ela entre em contacto contigo...
Pergunta: a viagem foi, sem dúvida, fantástica. Até que ponto foi perigosa?
Fotos fantásticas!!!!
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