Thursday, June 22, 2006

Conclusões da experiência emigra a 3/4 do tempo

A Engenharia de Projecto é a profissão com a qual mais paralelos se podem traçar, considerando a prostituição. Dizemos que sim a tudo, dizemos que precisamos de 200 horas para fazer um trabalho, comercialmente diz-se 150 e o cliente diz que só aceita a proposta se forem 100. Cabe-nos a nós então saber como fazer o trabalho em metade do tempo. E é claro que o fazemos, sangue na guelra, motivação de engenheiro… trabalhando 12 horas por dia. Atenção que não é uma queixa. Eu adoro, o stress, o joelho é uma mesa, as reuniões preparadas nas estações de serviço do nosso país, o medo de apanhar na cabeça cada vez que nos reunimos com o peixe graúdo, os parabéns recebidos maior parte das vezes por um trabalho que sabemos poder fazer bastante melhor.

A principal diferença entre estes dois mundos em que já trabalhei, é o tamanho dos projectos. Aqui a vida é calma, as horas dão para tudo, passamos o dia no escritório, vemos o cliente final uma vez, e o trabalho é tão grande que os tipos nunca conseguem analisar tudo, é tudo tão calmo… Calmo demais. E trabalhar para chineses, é não perceber quem está mais nervoso. Não imagino o que sai do outro lado quando se explica ao tradutor todo o mecanismo de segurança caso se queira parar toda uma unidade de produção.

Devo dizer também que tecnicamente, tirando o conhecimento de experiência, já que o trabalho aqui é muito mais repetitivo, não ficamos a dever nada a estes tipos. Aliás, em algumas áreas, até lhes damos uma coça. A diferença é mesmo que eles não precisam de saber nada fora da sua área, e em Portugal, tudo é a nossa área. Somos médios a tudo e especialistas em nada.

E por isso, sempre que algo fora do normal aparece para ser feito, é o tuga desenrascado que procuram, os olhos brilhantes de quem não está preocupado na exactidão dos meios, mas sim em resolver o problema da forma mais veloz, económica e devo dizer, simples possível.

Se vos conto isto relativo à minha profissão, é porque sei que deverá ser assim para um sem número de outras, para além da prostituição. Tanto no mercado interno como externo. E partilho com vocês o seguinte, por mais atractivos que hajam nesta vida, é o stress tuga que sinto falta. Chamem-me o que quiserem. A verdade é que posso dizer que já estive no pólo sul e no pólo norte, e prefiro viver onde há pinguins. E não sei porquê, toda lógica aponta um caminho, mas os sentidos outro. Se calhar é porque nesta fase da vida ligo muito ao trabalho, ou simplesmente tenho saudades da minha vida aí.

Ter saudades quer dizer que se viveu, e no meu inebriante optimismo isso já chega. Isto porque vou ter muitas saudades da minha vida aqui. E ainda tenho tanta coisa que não vivi.

A verdade é que não construo o castelo, porque sempre me esqueci de apanhar as pedras no caminho.

6 comments:

Ju said...

Ai q lindo... Essa do castelo e das pedras foi fixe. E das saudades e tal. Pá mas a da prostituicäo?!?!?! Isso foi claramente uma manobra de chamada de atencäo... No final é o engeneiro a queres ser publicitário!

Anonymous said...

Tou a ver q já tomaste uma decisão!Se os sentidos ja decidiram, parece-me mto bem! beijinhos Rita@cph

sara said...

A verdade é que o Pessoa - suspeito -, ainda que cheio de pedras guadradas, nunca chegou a decidir a vida que queria...

Anonymous said...

Como me identifico com o que dizes, a semelhança entre a profissão escolhida por nós e a prostituição, alem das caracteristicas apontadas por ti, ainda posso dizer outra, e o dinheiro q cobram por uma hora de trabalho teu a um cliente e o q te pagam por hora:S

Outra das semelhanças é a adrenalina dos prazos, nao ter meios para fazer o q me pedem, mas as coisas tem q estar prontas sempre para ontem....
Mas ser tuga é isso mesmo desenrascar ao máximo, com o menor custo possivel (pq a vida está dificil para todos)

Criticamos o país, que as coisas estão mal.... mas sentimos tantas saudades dele

Anonymous said...

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Anonymous said...

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