Udaipur e Jaisalmer
Se querem uma vila de sonho, então essa é Udaipur. À volta do lago Pichola e o seu maravilhoso palácio de Verão, Udaipur está rodeada por montes, a terra vai acima e abaixo consoante se tenha ou não zangado com algum deus subterrâneo. Os palácios de água eram feitos em terra seca. Esta era depois inundada por uma barragem, fazendo o espectacular cenário de um palácio rodeado de água. Foi aqui que foi gravado o James Bond Octopussy, coisa que nos repetem insistentemente cada vez que se fala com um dos locais. Num dos cafés passava sem interrupção durante o dia todo.
Na subida de acesso ao forte, um templo carvado em pedra. A religião Hindu é em todo diferente de qualquer outra moderna. Começaram por ser apenas três Deuses, Brahma, Vishnu e Shiva. Terá sido uma mistura das divindades locais com as divindades trazidas pelos Arianos quando ocuparam grande parte da Índia há mais de 3000 anos. É engraçado ver suásticas pintadas nos carros, camiões, vendidas como artesanato na rua. Um símbolo que na Europa ainda nos faz arrepiar, lá é um de boa sorte. No casamento do Akshay, quando a união estava para acontecer, um pano branco com uma suástica vermelha estava entre os noivos, caindo apenas na hora em que se deviam casar.
Com três divindades, e sendo a reincarnação o passo após a morte, muitas das famílias poderosas dos vários reinos e clãs, declamavam que os seus antepassados eram reincarnações desses deuses ou filhos. Assim se criou Ganeisha, Anduman, Pavarti, Krishna... Eu sempre tive a queda por Krishna, afinal o tipo tinha um número milenar de namoradas ao mesmo tempo, número esse que mudava de indiano para indiano, mas sempre com muitos zeros à frente. Mas Harish sempre me dizia ser mais como Anduman, o que não me deixava no quinto céu, afinal Anduman nunca casou e era um guerreiro que ajudou Krishna a destruir um demónio. Mas Krishna ficava com as tipas.
O Budismo e o Jainismo surgiram como protesto à casta monge Hindu. Um pouco como Lutero criou o Protestantismo na Europa. O Budismo e o Jainismo caracterizam-se por não prestar homenagem a deuses, mas sim a pessoas iluminadas como Buda. Os ícones são de pessoas em posição de meditação, e se vos digo isto, é porque nunca vão poder ver uma fotografia, estas são fortemente proibidas. O adjectivo forte tem uma boa utilização aqui, as pessoas em frente aos ícones parecem formar um cordão de segurança numa vigília constante.
Assim como o templo a Anduman no meio das montanhas, parámos num templo Jainista entre Udaipur e Jaisalmer. As pessoas meditam com as mãos ao centro e vão repetindo o Ohm, o som que se ouviu quando o universo foi criado, literalmente, o som do Big Bang segundo a tradição Ariana, e uma letra no seu alfabeto.
Em Jaisalmer estamos a cerca de 100 Km do Paquistão, estamos perdidos no meio do deserto mas com a melhor companhia possível, o seu povo do qual o cameleiro de Pushkar era um ilustre representante. Depois do habitual pôr do sol seguimos para jantar perto de uma aldeia de casas de lama. O seguimento era dormir no deserto, e não vos escondo que sempre admirei as estrelas e as constelações. Os meus amigos dizem que gosto de contar a história das estrelas. Sempre pensei no que seria dormir no deserto, a dezenas de quilómetros da luz mais próxima. A lua estava nova, e a visão nocturna prometia ser incrível.
Durante o jantar bebi como um cacho. Não é aquele orgulho parvo, mas na verdade sentia-me entre amigos, todos estavam com o mesmo espírito, no meio daquelas casas de lama passei uma das melhores noites da minha vida. Os indianos de um lado, e os cinco ocidentais do outro rapidamente se transformou em todos juntos de cerveja na mão. Nunca me ri tanto na Índia, penso que simplesmente me sentia igual. Harish estava com os seus alunos, sendo um sénior na lide, havia jovens que lhe pediam ajuda a lidar com os clientes ou até mesmo a conduzir. Era um bando divertido aquele.
Quando à noite me deitei debaixo daquela abóboda celestial incrível, havia o dobro das estrelas e elas insistiam em andar às voltas. Digamos que para bem da saúde de quem me acompanhava resolvi guardar o sonho para uma outra vez.
Jaisalmer, ao contrário dos outros fortes que fui visitanto, tinha a cidade dentro de si, não sendo apenas a casa de um qualquer marajá. Pequenas vielas labirínticas, onde até as vacas tinham dificuldade em passar, fazem o interior deste forte do sec. XII, o mais velho da região. Com a crescente procura de quartos no interior do forte, o número de hóteis têm estado a multiplicar-se. O elevado consumo de água e o seu envio para um sistema de saneamento feito para uma cidade do deserto habituada a pouca água estão a destruir as fundações do forte. O movimento Inglês para a preservação do forte de Jaisalmer luta para a consciêncialização dos turistas para que fiquem acomodados fora do forte. Jaisalmer, juntamente com Udaipur, são as cidades que, sem dúvida, vale a pena visitar no Rajastão.
Seguia agora de volta para Delhi, na cabeça a aversão ao circuito turístico ia passando a raiva. Raiva essa que iria pesar na escolha dos próximos destinos.
Na subida de acesso ao forte, um templo carvado em pedra. A religião Hindu é em todo diferente de qualquer outra moderna. Começaram por ser apenas três Deuses, Brahma, Vishnu e Shiva. Terá sido uma mistura das divindades locais com as divindades trazidas pelos Arianos quando ocuparam grande parte da Índia há mais de 3000 anos. É engraçado ver suásticas pintadas nos carros, camiões, vendidas como artesanato na rua. Um símbolo que na Europa ainda nos faz arrepiar, lá é um de boa sorte. No casamento do Akshay, quando a união estava para acontecer, um pano branco com uma suástica vermelha estava entre os noivos, caindo apenas na hora em que se deviam casar.
Com três divindades, e sendo a reincarnação o passo após a morte, muitas das famílias poderosas dos vários reinos e clãs, declamavam que os seus antepassados eram reincarnações desses deuses ou filhos. Assim se criou Ganeisha, Anduman, Pavarti, Krishna... Eu sempre tive a queda por Krishna, afinal o tipo tinha um número milenar de namoradas ao mesmo tempo, número esse que mudava de indiano para indiano, mas sempre com muitos zeros à frente. Mas Harish sempre me dizia ser mais como Anduman, o que não me deixava no quinto céu, afinal Anduman nunca casou e era um guerreiro que ajudou Krishna a destruir um demónio. Mas Krishna ficava com as tipas.
O Budismo e o Jainismo surgiram como protesto à casta monge Hindu. Um pouco como Lutero criou o Protestantismo na Europa. O Budismo e o Jainismo caracterizam-se por não prestar homenagem a deuses, mas sim a pessoas iluminadas como Buda. Os ícones são de pessoas em posição de meditação, e se vos digo isto, é porque nunca vão poder ver uma fotografia, estas são fortemente proibidas. O adjectivo forte tem uma boa utilização aqui, as pessoas em frente aos ícones parecem formar um cordão de segurança numa vigília constante.
Assim como o templo a Anduman no meio das montanhas, parámos num templo Jainista entre Udaipur e Jaisalmer. As pessoas meditam com as mãos ao centro e vão repetindo o Ohm, o som que se ouviu quando o universo foi criado, literalmente, o som do Big Bang segundo a tradição Ariana, e uma letra no seu alfabeto.
Em Jaisalmer estamos a cerca de 100 Km do Paquistão, estamos perdidos no meio do deserto mas com a melhor companhia possível, o seu povo do qual o cameleiro de Pushkar era um ilustre representante. Depois do habitual pôr do sol seguimos para jantar perto de uma aldeia de casas de lama. O seguimento era dormir no deserto, e não vos escondo que sempre admirei as estrelas e as constelações. Os meus amigos dizem que gosto de contar a história das estrelas. Sempre pensei no que seria dormir no deserto, a dezenas de quilómetros da luz mais próxima. A lua estava nova, e a visão nocturna prometia ser incrível.
Durante o jantar bebi como um cacho. Não é aquele orgulho parvo, mas na verdade sentia-me entre amigos, todos estavam com o mesmo espírito, no meio daquelas casas de lama passei uma das melhores noites da minha vida. Os indianos de um lado, e os cinco ocidentais do outro rapidamente se transformou em todos juntos de cerveja na mão. Nunca me ri tanto na Índia, penso que simplesmente me sentia igual. Harish estava com os seus alunos, sendo um sénior na lide, havia jovens que lhe pediam ajuda a lidar com os clientes ou até mesmo a conduzir. Era um bando divertido aquele.
Quando à noite me deitei debaixo daquela abóboda celestial incrível, havia o dobro das estrelas e elas insistiam em andar às voltas. Digamos que para bem da saúde de quem me acompanhava resolvi guardar o sonho para uma outra vez.
Jaisalmer, ao contrário dos outros fortes que fui visitanto, tinha a cidade dentro de si, não sendo apenas a casa de um qualquer marajá. Pequenas vielas labirínticas, onde até as vacas tinham dificuldade em passar, fazem o interior deste forte do sec. XII, o mais velho da região. Com a crescente procura de quartos no interior do forte, o número de hóteis têm estado a multiplicar-se. O elevado consumo de água e o seu envio para um sistema de saneamento feito para uma cidade do deserto habituada a pouca água estão a destruir as fundações do forte. O movimento Inglês para a preservação do forte de Jaisalmer luta para a consciêncialização dos turistas para que fiquem acomodados fora do forte. Jaisalmer, juntamente com Udaipur, são as cidades que, sem dúvida, vale a pena visitar no Rajastão.
Seguia agora de volta para Delhi, na cabeça a aversão ao circuito turístico ia passando a raiva. Raiva essa que iria pesar na escolha dos próximos destinos.
Udaipur
Foi aqui gravado o Octopussy... Agora transformado em hotel de luxo.
Cada vez que via um macaco na beira da estrada, Harish travava o fundo e tratava de os alimentar.
3 comments:
Deve ter sido realmente a viagem de uma vida.
As fotografias estão fantásticas e o relato extremamente cativante.
A sensação é a de estar a ler um romance, a ansiar pelo próximo capítulo.
(Ass.: a amiga da contradições)
I'd like to book my summer holiday via Pinto Travels Inc. Do you also offer guided Shopping trips through India? Would you be so kind to send me a brochure? :)
Nice Pics!
André, onde posso comprar o livro que relata as tuas aventuras?
Como já tive oportunidade de te dizer pessoalmente, os teus textos são brilhantes! Qual Almeida Garret! André Pinto é que é!
Espero ouvir as historias que não couberam no blog de volta de uma cerveja num qq poiso em Lisboa!
Grande abraço
Victor Costa
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